Divisão Internacional do Trabalho, Globalização e afins...

1) Divisão Internacional do Trabalho (páginas 218 a 221 do livro)

Também conhecida pela simpática sigla "DIT", ela se refere à formação de um mercado mundial integrado..., ou seja, os países passam a fazer trocas em escala global.

(Nós podemos pensar que muito antes disso já havia divisão do trabalho. Na verdade, esta divisão já existia no momento em que os seres humanos se tornaram sedentários e passaram a viver de forma sedentária constituindo núcleos urbanos - tipo cidades... Bom, o fato que neste texto, estamos tratando da Divisão INTERNACIONAL do Trabalho, logo, estamos falando de países e/ou organizações bastante grandes).

Esta divisão acaba por separar os países em dois grupos:

- Países fornecedores de matérias-primas (mais tarde chamados de países subdesenvolvidos)

- Países produtores de bens industrializados (depois chamados de países desenvolvidos)

Como surgiu isso tudo? Basicamente, esta dinâmica de mercado mundial integrado começa com as grandes navegações do século XVI (que é o momento em que passamos a conhecer, enquanto humanidade/coletividade, o mundo inteiro e passamos a estabelecer comunicação entre os diferentes lugares). Se esta divisão começa com as grandes navegações, ela se estabelece de fato com a Primeira Revolução Industrial no início do século XVIII.

Como o Reino Unido é o país que mais se destacou naquela etapa da Revolução Industrial, ela se tornou a referência e o principal país dentre aqueles que transformavam as matérias-primas em bens industrializados. Outros países procuraram seguir o exemplo do Reino Unido (como Alemanha, França, Itália, Estados Unidos e Japão entre outros) e hoje estes países estão no grupo de países mais desenvolvidos.

O problema da Divisão Internacional do Trabalho é a desigualdade entre os países e esta organização tende a cada vez mais aumentar esta desigualdade. Uma matéria-prima costuma ser algo barato, mas uma vez que ela tem sobre si um trabalho aplicado e é transformada em um bem industrializado, ela se torna algo mais valioso. Se um país produz apenas matérias-primas, ela vende estas (matérias-primas) por um preço e depois acaba comprando os bens industrializados feitos (até) com (suas próprias) matérias-primas por um preço maior. Desta forma, um país mais pobre, em teoria, dificilmente poderia se tornar rico.

Outra questão é que a Divisão Internacional do Trabalho é algo que se estabeleceu e continua em movimento, logo, ela se transforma. Antes, os países ditos mais desenvolvidos produziam bens industrializados e emprestavam dinheiro aos países menos desenvolvidos que forneciam matérias-primas e alimentos. Atualmente, os países mais desenvolvidos continuam fazendo aquilo que já faziam, mas também geram tecnologias e agem nos países menos desenvolvidos fazendo investimentos/aplicações sejam diretas na implantação de empresas ou indiretamente através das ações em bolsas de valores locais. Por outro lado, os países menos desenvolvidos agora também fornecem alguns produtos industrializados (talvez os mais simples e sem tanta tecnologia aplicada) e acabam destinando capital aos países desenvolvidos através de lucros das empresas multinacionais, royalties e juros de dívidas nacionais. (Vale a pena conferir o gráfico da página 221 do livro)

Atualmente, a Divisão Internacional do Trabalho está se tornando cada vez mais complexa. Podemos até imaginar uma subdivisão entre os países menos desenvolvidos ou até uma categoria intermediária entre os mais e os menos desenvolvidos. Alguns países conseguiram superar algumas etapas e se tornaram um tanto mais desenvolvidos e capazes de produzir bens industrializados, mas não ainda no mesmo patamar dos países mais desenvolvidos. Neste grupo poderíamos incluir o Brasil, México, Turquia, Indonésia,... O caso da China é mais uma exceção... é um país que passou de subdesenvolvido a grande produtor e exportador de bens industrializados superando em muitos aspectos alguns dos países anteriormente estabelecidos como desenvolvidos. (tenham medo... não... brincadeira..., mas fiquem atentos, por favor!)

2) Mundialização

Dentro desta ideia de que o homem passa a conhecer todos os espaços do globo terrestre, devemos entender que o contato entre os diferentes grupos humanos e a possibilidade de comunicação entre eles gera uma integração. O grau e as formas desta integração variam conforme o tempo, mas a tendência (seja para bem ou para mal) é de que estejamos cada vez mais (e de forma mais fácil) próximos através da tecnologia.

A Mundialização é o nome dado a este processo de integração e intercomunicação de uma forma mais ampla agrupando aspectos culturais, sociais, econômicos,... que nos levaria a formação de uma possível Aldeia Global (este termo já foi mais popular).

Assim como a Divisão Internacional do Trabalho, este processo começou com as grandes navegações.

3) Globalização (a partir da página 222)

A Globalização seria a parte da Mundialização que envolve economia. Ainda assim, a economia acaba impactando até mesmo a nossa cultura e por isso é difícil saber exatamente os seus limites... ou quando acaba uma coisa e começa outra.

O termo Globalização surgiu na década de 1980 e ganhou impulso com a Terceira Revolução Industrial (que envolve a tecnologia, telecomunicações e... internet) e também a abertura dos países socialistas que passaram a adotar o capitalismo.

Com a Globalização, ocorre uma interdependência entre todos os países ou economias internacionais. Na prática, ocorre a desnacionalização das economias uma vez que empresas ou até grupos constituídos em sociedades/entidades comerciais acabam investindo e interagindo dentro de mercados de outros países. Como exemplo, podemos analisar o caso da rede de lojas gaúcha Quero Quero que foi comprada em 2008 por um fundo de investimentos norte-americano.

É importante ressaltar que esta integração financeira internacional pode trazer uma série de benefícios, mas também carrega o risco de crises mundias. Tudo isto porque uma crise que ocorra em um país acaba afetando os demais em uma reação em cadeia.

Alguns dos pontos mais aparentes da Globalização que podemos listar são: a disseminação dos Shopping Centers, a internet, o sistema financeiro internacional e os cartões de crédito. A utilização destes e suas possíveis combinações dizem muito sobre o nosso mundo de vida atual (e da possibilidade de acabarmos endividados... sejam prudentes, por favor).

3a) Expansão das multinacionais (pág. 227)

Estimativas (ou o livro didático) apontam que existem em torno de 55 mil empresas que podemos considerar multinacionais (incluindo empresas brasileiras). Antes elas eram poucas, pois era necessário muitos recursos ($$$) para manter atividades em escala global. Com os meios de comunicação permitindo contato instantâneo em qualquer horário de forma relativamente barata e meios de transporte mais eficientes, um número cada vez maior de empresas multinacionais surgem a cada dia (ok, algumas também podem ter problemas e fechar/falir... faz parte da vida).

Uma empresa multinacional ou transnacional é uma corporação ou empresa que possui sua matriz em um país e atua também em diversos outros.

Em alguns casos, já se propõe inclusive um novo termo como empresa metanacional quando ela age de forma global com tal alcance e/ou intensidade que há dificuldade ou pouca necessidade de saber qual o seu país de origem.

É complicado ter uma noção dos valores de patrimônio ou de lucros das empresas porque estes valores são calculados de forma complexa e estão em constante alteração já que estão inseridas em uma economia internacional muito dinâmica. Ainda assim, temos a noção de que algumas empresas possuem recursos financeiros ou movimentam valores superiores às riquezas (PIBs) de alguns países pequenos (geralmente, em tamanho).

3b) Prós e contras... (página 228 a 231)

Nada no mundo é simples de fato. Sempre há benefícios e problemas envolvidos.

No caso da Globalização, algumas pessoas preferem enfatizar um lado ou outro, mas podemos tentar pensar e relacionar ambos...

Se por um lado a integração mundial oportuniza a modernização (desde questões voltadas a máquinas até tecnologias voltadas para a saúde) e melhorias nas condições de vida para as populações de diversos países, o mesmo processo faz aumentar as desigualdades (financeiras, sociais,...) juntamente com a fome e pobreza. Se há aumento nas desigualdades entre os países, também existe a desigualdade dentro dos países onde algumas pessoas com mais recursos exploram o trabalho de pessoas que trabalham para ele, por exemplo. Outro ponto é que a modernização pode eliminar vagas de emprego antes executadas por pessoas com pouca instrução porque estas atividades mais simples passam a ser executadas por máquinas. As vagas de trabalho que surgem costumam exigir profissionais mais qualificados e muitas vezes as pessoas não conseguem se atualizar ou acompanhar as exigências do mercado de trabalho.

Quanto a fome, podemos visualizar situações em que produtores locais destinem suas terras férteis para produzir alimentos voltados para a exportação (que dão mais lucros... como a soja, por exemplo) do que focar na produção de alimentos para atender ao mercado interno (alimentação da população mais próxima). É algo que não se limita a terras férteis ou produção de alimentos... pode ocorrer algo similar quando empresas investem na produção de coisas que não atendem ou nem poderiam ser compradas pela população mais próxima ou até mesmo pelas próprias pessoas que produziram estes... produtos...).

Como já citado anteriormente, temos hoje uma integração financeira internacional e uma grande mobilidade de investimentos, mas estas facilidades também favorecem um risco maior de crises mundiais. Como muitos mercados e empresas agem de forma integrada, basta que haja um problema sério em um deles e todos que estão ligados a eles são atingidos de alguma forma.

4) Apropriação cultural (conteúdo extra)

Havendo contato entre diferentes povos, é impossível que não ocorra contato entre suas culturas e costumes. Isso pode ocorrer de diferentes formas e costuma ser algo complexo, ou seja, esta é uma exposição um tanto simplificada sobre o assunto.

Um ponto fundamental é verificar o contexto em que ocorre o contato e em que patamar se encontram os povos envolvidos. Estes povos podem estar no mesmo nível ou (o que é mais comum) um povo está na condição de dominante enquanto o outro se encontra na condição de dominado.

Outra questão importante é que a apropriação deve ser entendida como algo coletivo ou feito por grupos ou classes. Podemos verificar a ocorrência da apropriação feita por indivíduos, mas devemos ter em mente que ela se caracteriza na coletividade.

Podemos listar diferentes formas de apropriação cultural como: intercâmbio cultural, dominância cultural, exploração cultural e transculturação.

- Intercâmbio cultural:
Neste caso, não há necessariamente uma diferença de patamar entre os povos envolvidos, ou seja, não há um povo dominante e outro dominado. Pode ser algo que acontece a partir de um contato curto como encontros para fim de comércio. A partir do contato, um povo começa a assimilar alguns costumes do outro. Alguns costumes podem ser vistos como melhorias ou ações mais eficientes ou ainda podem ser algo que é absorvido sem que se perceba (como palavras ou formas de falar, por exemplo).

- Dominância cultural:
Quando ocorre dominância, obviamente, há a diferenciação e um povo dominante. O povo dominado passa a usar coisas, assimilar atitudes ou práticas do povo dominante. Este processo pode ocorrer por imposição do povo dominante ou por parte do povo dominante procurando se inserir no meio dominante.

- Exploração cultural:
Na exploração, identificamos coisas ou costumes do povo explorado sendo assimilados pelo povo dominante. Ainda assim, esta assimilação ocorre através de adaptação, ou seja, o povo dominante pode se apropriar apenas da coisa ou costume sem que haja participação ou presença das pessoas do povo dominante, eliminando parte do contexto que envolvia aquele bem cultural (e assim alterando parte de seu significado ou mensagem) e modificando este bem para que ele lhe sirva melhor.

- Transculturação:
Talvez este seja a etapa final de todos os processos de apropriação, ainda mais em tempos de contato constante e instantâneo proporcionado pela internet . Nesta forma de apropriação, os povos acabam tendo seus costumes misturados formando um novo conjunto de bens culturais sejam coisas ou costumes.


Será que isto é apropriação cultural?
(banda ucraniana Los Colorados tocando a música Hot'n'Cold de Katy Perry)